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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Pepero Day (11/11): dia de comer palitinho de chocolate

Uma coisa que os coreanos adoram é comemorar determinadas comidas. Três de março (3/3), por exemplo, é o dia do 삼겹살 (samgyeopsal), o “churrasco” deles. Existem duas datas para troca de chocolates entre namorados (o Valentine’s Day, 14 de fevereiro; e o White Day, 14 de março). Além disso, também há o Black Day, em 14 de abril, que é o dia dos solteiros chorarem enquanto comem 자장면 (jajangmyeon), um macarrão “chinês” feito de molho de soja, que é preto. Na lista dessas datas especiais, 11 de novembro (amanhã) é o dia do 빼빼로 (pepero), um palitinho de biscoito com cobertura de chocolate (ou outro sabor) e alguns confeitos, cuja caixa custa cerca de mil wons (3 reais).

A Coreia tem datas para comemorar a existência de diversos pratos
A ideia original do chamado “Pepero Day”, no entanto, era que quem comesse os canudinhos ficaria mais alto e magro, em referência ao formato de “11/11”. Eles diziam que, para que a lenda do Pepero fizesse efeito, aqueles que quisessem emagrecer deveriam comer 11 pacotes de Pepero no dia 11 de novembro às 11h11 da manhã e no mesmo horário de noite em exatamente 11 segundos.


Atualmente, no entanto, a tradição foi alterada e muitos coreanos aproveitam esse dia para presentear seus amigos e pessoas queridas . Só que desde 1997, a data vem sendo utilizada pela Lotte, empresa que fabrica essa guloseima, como forma de se autopromover. Esse grupo é um conglomerado que domina o mercado de varejo sul-coreano e é dono de redes de supermercados, diversas marcas de comidas e bebidas, dentre outras milhares de frentes de atuação.  

Muitos criticam esse dia justamente por ter ganhado um caráter comercial. Além disso, o alto valor calórico desses chocolates faz com que a lenda seja um pouco contraditória com a sua proposta inicial. Para ficar mais condizente, um grupo alternativo costuma chamar a data de "Garaetteok Day". 가래떡 (Garaetteok ) é um bolo de arroz em forma de palitinho, com baixas calorias e que também ajuda a incentivar a culinária local.

Fonte: Canal Maanchi (You Tube)
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Eu não ligo se é uma data comercial ou não. Como a Lotte dá 50% de desconto nas caixas desses palitinhos no dia 11 de novembro, da última vez, eu aproveitei e comprei uma porção de vários sabores diferentes. Os estabelecimentos aproveitam para colocar cartazes divulgando o famoso quitute. Só sei que é uma delíciaa! :D

domingo, 1 de novembro de 2015

A cultura de frequentar os spas na Coreia

No meu último post, havia comentado sobre o quanto os coreanos são reservados, algo que pode fazer com que eles sejam considerados frios e distantes por pessoas de outros países. No entanto, um momento que merece atenção é a cultura de ir aos spas ou banhos públicos, chamados de 온천(oncheon) ou 찜질방 (jjimjilbang) . E é nesses locais que podemos perceber o quanto os coreanos se soltam quando estão apenas na presença de pessoas do mesmo sexo.


Quem assiste doramas coreanos, certamente já se deparou com alguma cena em que surgem aqueles spas onde as mulheres e homens estão vestidos com roupas largas, geralmente em rosa e azul, com uma toalha na cabeça parecendo uma ovelha (양머리), sentados no chão ao redor de mesinhas, comendo e bebendo.
Com a "cabeça de ovelha"
Começou a esfriar esses dias na Coreia, o que faz com que a procura por esses lugares aumente. Por serem bem quentes, são famosos no inverno, temporada em que alguns costumam frequentar esses banhos públicos mais de uma vez por semana. Os coreanos acreditam que o vapor limpa melhor, além de aquecer nos dias frios.

Para os estrangeiros, no entanto, o spa coreano causa grande estranhamento. Na minha primeira vez em um desses, fiquei tão envergonhada que voltei correndo para os trocadores e botei uma roupa o mais rápido que consegui. Basicamente, os 온천 (oncheon) são banhos públicos, onde as pessoas são separadas entre masculino e feminino, e lá existem diversas piscinas de água quente, fria e com ervas medicinais.

Na sessão feminina dos spas (vazia)
Além disso, há chuveiros individuais e é possível tomar banho em pé ou em banquinhos de pedra com um espelho na frente, em que as pessoas conseguem enxergar todas as sujeiras para limpar melhor. As coreanas (não posso falar dos homens porque nunca estive no masculino), geralmente, vão em grupos e gostam de ficar esfregando as costas umas das outras.


Há aquelas que sentam na beirada das piscinas, se lavando durante horas e horas. Minha sogra gostava tanto desses espaços que poderia ir até mais de uma vez por dia, se possível. Ela costumava comprar lotes de 100 voucher individuais.

Águas termais no oncheon
As piscinas do oncheon

Cada ingresso custaria 7 mil won (cerca de 20 reais). Mas, como ela era cliente fidelidade, acabava pagando 3 mil won (uns 10 reais) por cada ingresso. Os valores, no entanto, variam de cidade para cidade e entre os estabelecimentos.

Depois que você paga na recepção, geralmente, a atendente te dá duas toalhas e um papel com um número. Assim que entrar, vai identificar primeiramente os armários para sapatos, todos numerados. Quando você coloca o seu sapato, ele tranca sozinho e libera uma pulseira com a mesma numeração gravada.

Então, é necessário encontrar o armário para as roupas, guardar o restante dos pertences lá, se despir completamente (nunca vi ninguém de biquíni ou outra peça de roupa) e entrar na parte de banho. Sempre têm umas cestinhas na porta para a pessoa poder colocar shampoo, creme e outros produtos de higiene. Eles oferecem sabonete e pasta de dente coletiva. Então, os coreanos não costumam levar esses dois itens.

온천(oncheon) X 찜질방 (jjimjilbang)

Uma das dúvidas de muita gente é sobre a diferença entre os 온천(oncheon) e os 찜질방 (jjimjilbang). Embora tenham finalidades semelhantes, o principal aspecto que devemos levar em conta é que os 찜질방 (jjimjilbang ) contêm oncheons (온천), ou seja, spas, mas são mais completos. O significado de 찜질방 (jjimjilbang) seria algo como “sala aquecida”. E eles funcionam 24h, com um espaço para dormir, uma área comum para homens e mulheres, com saunas de diversas temperaturas, inclusive geladas. Alguns também têm espaço para jogos, karaokê, lan house, além de um snack bar, em que as pessoas podem fazer um lanchinho com os amigos.

Na área comum entre homens e mulheres, onde dá para comer
Ambos, no entanto, contam com a parte dos banhos públicos, onde as pessoas são separadas entre masculino e feminino, e lá existem diversas piscinas de água quente, fria, com ervas medicinais e outras inovações que um ou outro estabelecimento ofereça.
Karaokê nos jjimjilbang
Ice room, onde a temperatura é abaixo de 0ºC
E as saunas em que a temperatura pode chegar a 80ºC.
Também é possível fazer massagem em alguns deles
Basicamente, essa é a diferença entre esses dois lugares. Muitos coreanos, inclusive, usam essas salas como mini-hotéis e se “hospedam” lá. No entanto, seria semelhante a uma guest house. As pessoas dormem no chão, em alguns colchonetes oferecidos por cada estabelecimento. Para quem deseja turistar por Seul, a editora-executiva do BrazilKorea dá dicas excelentes nesse post. Eu não conheço muito a capital coreana, já que a cidade do meu marido é Daejeon. 

sábado, 1 de agosto de 2015

Coreanos são frios e distantes? Mito ou realidade?

Essa é uma pergunta que me fazem bastante. Alguns, já afirmam isso com todas as letras, não somente indagam. Mas, como eu odeio generalizações e acredito que não podemos ver a outra cultura sob o nosso ponto de vista, decidi refletir sobre algumas considerações a respeito do povo coreano e de alguns outros países asiáticos, como Japão ou China.

Depois que comecei a passear com meu bebê pela Coreia, reparei que as pessoas no geral adoram mexer com crianças, fazer a brincadeira de “achou!” (까꿍 놀이), em que eles falam “kakung” enquanto escondem o rosto. E quase sempre tendem a pedir para segurar a criança ou até a tirar o bebê do colo da mãe sem aviso prévio (é, isso aconteceu mais de uma vez!). Eles costumam fazer barulhinhos e até mandar beijinhos de vez em quando. Isso mostra que não tem tanta “frieza” assim.

Meus sogros comemorando os 8 meses do neto
 Mas é necessário entender dois pontos importantes:

Beijos e abraços X inclinar-se:   Cada país ou cultura tem regras sociais específicas quando lidamos com outras pessoas, algo inerente a cada local. E, até dentro do Brasil, há algumas diferenças. Geralmente, cariocas se cumprimentam com dois beijinhos. Paulistas, com um só. Abraços são outra saudação comum entre os brasileiros. Na Coreia, não espere que eles saiam te beijando ou abraçando do nada. Não é algo que faz parte da cultura coreana.          

Beijinho no rosto é cumprimento em vários países ocidentais
Foto: AG News
Meu marido, quando fez intercâmbio na Inglaterra em 2009, foi no estilo “home stay”, ou seja, ficou em casa de família. E ele me contou que a “host mother” (a dona da casa onde ele se alojou) dele o recebeu com beijos e abraços no aeroporto. Era a primeira vez dele fora da Ásia (já tinha morado no Japão e visitado a Tailândia). O choque foi tão grande que ele demorou dias para se recuperar disso.

Até porque ele diz que a única vez que se lembra de sua mãe tê-lo abraçado foi no dia que ele voltou do Exército depois de ficar servindo na fronteira com a Coreia do Norte durante dois anos, tempo em que eles geralmente ficam isolados e longe da família. Com isso, dá para perceber que não é comum que os coreanos se abracem.

Quando assistimos doramas (novelas asiáticas), podemos reparar que, pelas características culturais, um abraço, por ser raro, toma uma significação bem diferente. É quase o ápice de algumas cenas românticas. E acaba sendo mais valorizado e tendo mais valor sentimental para aqueles que fazem. Como, no Brasil, às vezes, abraçamos até desconhecidos, podemos deixar passar um pouco da importância desse ato.

Abraços por trás são os mais comuns nas novelas coreanas.
Cenas de "Love Rain" (cima) e Goong (baixo)
 “Ah, mas isso quer dizer que eles são frios”, poderiam pensar algumas pessoas. Não exatamente. Eles podem ser muito calorosos algumas vezes sem necessitar do toque ou do contato físico para isso. A demonstração de carinho e afeto acontece de outra forma. A principal saudação na Coreia é a questão de se inclinar. Quanto mais baixa é a reverência, mais admiração você demonstra.

No dia a dia, os coreanos também incorporaram o gesto de acenar com as mãos para cumprimentar um ao outro, mas a forma mais aceita entre amigos e/ou pessoas próximas é apenas abaixar a cabeça um pouco (cerca de 15º). Se for uma situação um pouco mais formal, frente a pessoas mais velhas ou de hierarquia superior, é preciso curvar-se cerca de 30º. E em casos extremamente formais, como no trabalho, próximo a um ancião, o cumprimento chega a um ângulo de 45º.

Foto: http://careerpark.jp
 Quando os coreanos pedem desculpas muito sinceras, ou querem demonstrar respeito excessivo, eles também podem se ajoelhar e dobrar o corpo todo em 90º, encostando o rosto quase no chão, como se fosse uma reverência.  Esse ato simbólico também é feito nos funerais, quando algum parente ou amigo querido morre.

Exemplos de dois tipos de reverências em funerais
Fotos: http://m.blog.daum.net

Coreanos são mais “fechados” que os brasileiros:  A simpatia do povo brasileiro é considerada uma marca nacional. Muita gente no Brasil consegue se abrir facilmente, puxar conversas na fila do banco com desconhecidos, fazer amizade logo no primeiro encontro. O coreano, na maioria das vezes, não é assim. O seu vizinho talvez nunca te cumprimente, principalmente se você for estrangeiro não-asiático, como eu disse num post anterior, já que há um pouco de receio quando há pessoas de aparência diferente.

Mas, ao mesmo tempo, por também terem essa característica mais reservada, eles não são do tipo que sorriem para estranhos (inclusive outros asiáticos) na rua, como vejo muitos brasileiros fazendo de vez em quando. É bom lembrar que nem todo mundo no Brasil também é assim e que é possível encontrar coreanos que vão te cumprimentar todo dia no elevador do seu prédio. As ajhumas (senhoras coreanas), por exemplo, podem te bater e depois te acolher.

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Como eu já disse, vamos tentar não generalizar. Mesmo entre os coreanos, há gente que age diferentemente da maioria. A minha sogra me disse: “Coreanos não costumam beijar nem os filhos”. Mas eu vi o meu sogro beijando o neto diversas vezes. Por isso, a afirmação de que coreano é frio é um mito, que só pode ser quebrado depois que você passa a conviver de perto e entender o comportamento dos coreanos a partir da realidade deles. E é uma ótima experiência antropológica.

sábado, 18 de julho de 2015

A saga de fazer passaporte para meu bebê

Desde que decidi ter meu bebê no Brasil, em junho do ano passado, eu havia comprado minha passagem de ida e volta para Coreia, marcada para 15 de abril de 2015, quando ele teria uns 6 meses. Assim, em dezembro, eu comecei a pesquisar o que seria necessário para fazer o passaporte do meu filhote. Foi quando pressenti que teria problemas com a autorização do pai (já que meu marido trabalha na África), necessária para a elaboração do documento para menores de 18 anos. E não deu outra. Tive que adiar minha viagem para 30 de abril, senão não conseguiria ter o passaporte dele em mãos a tempo. 

Passaportes brasileiro e coreano: mesma pessoa, dois nomes

Fiquei dois meses na Coreia, mas agora já estou no Brasil de novo. Mas não postei nada durante um tempão por causa desses impasses e dos meus horários loucos de trabalho. A notícia boa é que meu filho já tem os dois passaportes e dupla nacionalidade (até completar 18 anos, pelo menos, como já disse em outro post). Ele nasceu no Brasil e uma semana depois meu marido fez o registro dele na Coreia. Então, pensei ainda em recorrer a esse fato. Quando liguei para o consulado coreano em São Paulo, fui informada de que apenas o pai coreano poderia fazer a solicitação do documento. Ou alguém da família que tivesse a cidadania. Como eu não tenho e nenhum parente do meu esposo vive no Brasil, não teria como.

Então, tive que contar com a boa vontade dos policiais federais em aceitarem o documento que meu marido me mandou. O problema aconteceu mais porque o local de trabalho do meu esposo é muito longe de uma embaixada brasileira. Ele enviou dois documentos em fevereiro e março que foram negados. Até chegar a versão final, no entanto, foi um estresse total. Então, aproveitei e fiz o passaporte coreano também, que aliás, tem validade de cinco anos para menores de idade, enquanto que o brasileiro tem data para expirar diferentes até a criança completar 5 anos.

Os coreanos têm ainda a possibilidade de escolher passaportes com validade de cinco ou dez anos, no caso de adultos. E o meu já tem o seu. Mas também não foi tão fácil, porque só coreanos podem dar entrada nesse processo. E minha sogra tinha entendido errado. Aí, me fez ir à Prefeitura de Daejeon para assinar o pedido, já que meu marido não poderia por estar trabalhando em outro país. O documento levou quatro dias úteis para ficar pronto e agora meu bebê já pode ir para os Estados Unidos sem visto.

A questão de ele ter nomes diferentes, um brasileiro e outro coreano, pode ser vista pelos passaportes. Parece uma dupla identidade. Mas acabou que o nome coreano dele não seguiu as regras do clã do meu marido, como eu disse em outro post. E todo mundo acha que eu que escolhi a forma como ele se chama lá, porque é igual ao de algumas celebridades, como o ator Lee MinHo (foto) e o cantor Choi MinHo do Shinee (esse inclusive tem o mesmo sobrenome, foto).

Ator Lee MinHo e Choi Minho, do Shinee, não foram inspiração
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Vou pedir desculpas, porque fiquei quase quatro meses sem postar nada, mas já tenho uma lista imensa de assuntos que queria dividir com vocês. O próximo vai ser sobre uma dúvida que muitos têm e me perguntam sempre: se os coreanos são frios. Depois que fui à Coreia com bebê, posso responder a esse questionamento com algumas informações mais interessantes. Semana que vem, tem post novo! ;)

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Tipos sanguíneos podem definir personalidade? Na Coreia, sim.

Assim que eu descobri que estava grávida, antes mesmo de saber o sexo do meu bebê, a minha sogra me questionou qual tipo sanguíneo eu queria que ele tivesse. Na hora, eu achei meio estranho, mas como eu sou A+ e meu marido é B+, seria geneticamente possível que nosso filho nascesse com qualquer um deles (O, A, B ou AB). O que eu não sabia ainda era que essa também é uma preocupação na Coreia do Sul em relação às expectativas antes do nascimento de alguém, assim como a aparência ou a profissão que a criança terá no futuro.



É que os coreanos acreditam que isso interfere na personalidade, no temperamento do indivíduo e até se uma pessoa é compatível com outra. Assim, o tipo de sangue desempenha na Coreia papel semelhante ao dos signos do zodíaco e horóscopos em outros países, onde as pessoas consideram que estes possam definir traços de identidade. Dessa forma, os coreanos costumam dar palpites antes de o bebê vir ao mundo.

E, por causa dessa crença, é comum que eles perguntem uns aos outros sobre seu tipo sanguíneo quando conhecem alguém novo. Embora no Brasil e em outros lugares do mundo não haja o costume de as pessoas decorarem isso (a não ser que você seja um militar, e tenha isso gravado na sua farda), na Coreia, essa informação é considerada essencial, assim como a idade ou o nome. Mesmo assim, muito estrangeiro acaba se espantando a primeira vez que alguém demonstra curiosidade sobre esse assunto.

O conceito de tipos sanguíneos determinarem características pessoais tem uma história sombria. Foi utilizado inicialmente por nazistas e imperialistas japoneses para promover ideias de supremacia sobre diferentes raças e países nos anos de 1920 e 1930. No entanto, algumas décadas depois, a ideia ressurgiu pelo autor japonês Masahiko Nomi, de uma maneira bem mais positiva e inocente do que a original e se assemelhou ao uso que se faz dos signos do zodíaco. E, hoje em dia, é uma teoria propagada no Japão, Coreia do Sul e Taiwan.

De acordo com a definição de cada grupo sanguíneo, eu fiz uma péssima escolha para casar. Os homens que têm sangue B+ são os chamados “bad boys” e estão entre os dois conjuntos mais incomuns, representando 20% da população mundial (o mais raro é o AB, com menos de 10%). E, tadinho do nosso bebê, porque ele puxou o pai e também nasceu com o mesmo tipo de sangue. Esses, os “nômades”, são considerados os piores partidos. No meu caso, faço parte do grupo majoritário: sou A+, que corresponde a 40% das pessoas no mundo. E até que combino com as características dessa categoria, denominada “fazendeira”. Os outros 30% são os portadores do tipo O.

É possível encontrar certas contradições dos traços de personalidade entre os autores, mas as hipóteses mais difundidas são as que serão apresentadas abaixo. Além disso, acredita-se que é possível montar opções de dietas mais compatíveis com determinado tipo sanguíneo, mesmo sem comprovação científica.

Tipo A ou “Fazendeiros” – Pessoas com sangue do tipo A são chamadas de “fazendeiras” e conhecidas como introvertidas, tímidas, nervosas, muito pensativas, pacientes, com dificuldades para expressar emoções muito bem, e tendem a ser perfeccionistas. Além disso, demonstram ser teimosas, cuidadosas e obsessivas. Acredita-se que combinem mais com dietas vegetarianas e tendem a tomar menos bebidas alcoólicas.

Tipo B ou “Nômades” – Os que possuem sangue desse tipo são considerados “nômades” por suas características de bravura, paixão e por ser serem mais ativos e otimistas, do tipo “vamos lá!”. Tendem a ser criativos, individualistas e a ter uma natureza independente, sem se importar com o que os outros pensam. São os mais liberais e riem da cara dos problemas, ao mesmo tempo em que podem ser impacientes e desistir facilmente. Por isso, se dizem imprudentes, superficiais e preguiçosos. No caso masculino, são chamados de “bad boys” e não são considerados bons partidos para casar. Eles têm um bom sistema imunológico e se dão bem com laticínios.

Tipo AB ou “Humanistas” – Considerados “pau para toda obra”, os integrantes desse grupo são mais aptos para serem gênios. Com um alto poder de concentração, geralmente têm interesses em várias coisas ao mesmo tempo e são extremamente inteligentes. Dizem que controlam melhor a mente do que o coração, sendo racionais e críticos. Podem demonstrar caráter autoritário, embora também tendam a ser mais tímidos, indiferentes e, por isso, se afastam mais das outras pessoas. Algumas pessoas dizem que eles têm “duas caras” e não são confiáveis. Em relação à alimentação, deve ser feita da mesma forma que os de sangue A e B.

Tipo O ou “Guerreiros” – Esses são os líderes natos. Os portadores desse tipo são extrovertidos, cheios de energia e otimistas. Falam o que pensam e têm uma autoestima bem elevada. Sua presença é do tipo que ilumina qualquer ambiente. Às vezes, podem ser muito dramáticos, o que afasta algumas pessoas. Embora sejam amigáveis, obcecados pelo sucesso, tendem a ter características arrogantes, insensíveis, além de serem cruéis e vaidosos. As melhores dietas para as pessoas do tipo O são as ricas em proteínas e é recomendável que se exercitem bastante.

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P.S.: Este post foi uma versão de outro de minha autoria publicado no site BrazilKorea.


quinta-feira, 26 de março de 2015

Atividades gratuitas para estrangeiros em Daejeon

Antes de minha viagem para a Coreia, como queria estudar coreano, pesquisei muitas informações na Internet, comparei preços e benefícios entre as universidades e outras opções gratuitas. Uma das minhas primeiras descobertas, no entanto, foi o Daejeon International Community Center (DICC), hoje DIC, que oferece diversos eventos e atividades de graça para estrangeiros. E foi lá também que conheci a primeira brasileira na cidade onde morava. Fiquei mais de seis meses na Coreia sem encontrar nenhum conterrâneo.
Aulas de coreano, aluguel de hanbok e grupos de discussão no DIC
O atual Daejeon International Center (DIC) é administrado pela prefeitura de Daejeon, cidade na região central do país, e mantém aulas de coreano, bazares, grupos de estudo sobre assuntos globais, tutorias com nativos, além de prestar informações e promover diversos eventos para unir as comunidades de estrangeiros na Coreia. Tem até aluguel de hanbok (roupas tradicionais coreanas) por um preço super em conta. E eu adorei desde o início.

Quando fui pela primeira vez, eram oferecidas aulas de coreano de graça durante os dias de semana à tarde (menos na quarta-feira). Hoje em dia, eles mudaram isso e só tem aos sábados. Na época, eu aproveitava e saía correndo diariamente da Chungnam National University (CNU), onde fazia o curso intensivo do idioma, e ia ter uma formação complementar no DIC. Deu muito certo para mim. Em três meses, meu nível de coreano já estava razoável, de forma que eu conseguia entender a minha sogra bastante, já que ela é coreana e não fala outra língua.

Nesse centro, localizado em frente à estação do trem de Daejeon, encontram-se à disposição, materiais gratuitos em mais de dez idiomas, com dicas de roteiros culturais e trajetos dos ônibus da cidade. Há ainda uma biblioteca com livros de aprendizado de coreano ou a respeito do país e seus costumes. Também é possível alugar hanboks para eventos. O espaço ocupa dois pisos do prédio: no 4º andar, está a biblioteca e a recepção, enquanto que o 3º andar conta com três salas de aula.

Para se inscrever no aluguel dessas vestimentas, é necessário apenas apresentar passaporte ou cartão de estrangeiro (Alien registration card) e pagar uma taxa de 12 mil wons (cerca de 30 reais) caso o hanbok seja utilizado fora das instalações do DIC ou por mais de uma hora seguida. Esse valor é revertido para os custos de lavanderia. O prazo para devolução é de, no máximo, 48 horas.

Nas salas do andar inferior, são oferecidos cursos de coreano com professores nativos. As aulas acontecem sempre aos sábados e são divididas entre quatro níveis, do básico ao avançado, além das turmas especiais de preparação para o Topik, exame de proficiência em língua coreana. Os horários são definidos a cada trimestre com a formação dos grupos iniciando no primeiro sábado de janeiro, abril, julho e outubro. A ficha de inscrição está disponível no site do DIC. E o material didático utilizado são os livros da Seogang University.

Há ainda grupos de discussão formados no Daejeon International Center relativos a temas de civismo global, em inglês, coreano, chinês, e vietnamita. Jovens universitários ou demais estrangeiros podem ainda debater outros assuntos internacionais. Além disso, há os bazares de caridade, com doação de itens novos, usados e semi-novos para venda. A equipe desse centro também está sempre pronta para atender visitantes de diversos países.

:: Daejeon International Center (DIC)::

Endereço: 300-160 4th floor Juwon BLD 799, Daejeon-ro, Dong-gu, Daejeon (em frente à estação de trem de Daejeon)
Telefone: 042-223-0789 / FAX : 042-223-0790 / E-mail : dicc@dicc.or.kr
Horário de Funcionamento: Segundas, terças e sextas: 09h às 18h / Quartas e quintas: 9h às 21h / Sábados: 9h às 17h
Não abre aos domingos e feriados
Linhas de Ônibus: 1, 2, 101, 102, 103, 201, 202, 30, 31, 311, 313, 314, 317, 52, 501, 511, 512, 514, 60, 62, 63, 603, 605, 606, 607, 611, 612, 613, 614, 615, 616, 701, 711, 802
Metrô: Daejeon Station, saída 2
Site: http://en.dicc.or.kr/smain.html

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Este post é uma versão de outro que escrevi para o BrazilKorea, site que eu atualizo.

terça-feira, 10 de março de 2015

Como os coreanos reagem a estrangeiros?

Depois do post sobre a opinião dos coreanos a respeito do Brasil, uma pergunta que ouço muito é relativa à reação dos coreanos quando encontram com estrangeiros. O engraçado é que, quando comecei a conversar com meu marido, ele me disse que já era adolescente na primeira vez que viu uma pessoa que não era oriental, e, mesmo assim, ficou chocado por causa da diferença. Mas isso foi na década de 1990. Hoje em dia, a quantidade de estrangeiros na Coreia aumentou consideravelmente. E, com isso, é (um pouco) mais comum encontrar pessoas de diferentes etnias nas ruas do país.


Consequentemente, tornou-se mais fácil de aceitar a presença de gente de diversas nacionalidades. A grande parte dos coreanos é super simpática, e mesmo que eles sejam um povo mais fechado, sempre tem alguns que gostam de puxar papo para saber de onde você é e o que faz no país. Além disso, para aqueles que não têm traços asiáticos, os olhares serão inevitáveis, já que a maioria dos coreanos ainda mantém certa homogeneidade, sendo, de certa forma, parecidos. E é bom ressaltar que eles não são todos iguais, como muita gente costuma dizer no Brasil.

Minha sogra me disse uma vez que é mais fácil para os coreanos me aceitarem por causa da cor da minha pele e cabelo. Se eu fosse loira ou negra, segundo ela, talvez houvesse mais estranhamento. De qualquer forma, eu vou ser sempre vista como estrangeira na Coreia, não importa o quão fluente eu fale coreano ou o quanto siga os padrões deles. Assim, separei uma lista de algumas reações que percebi se repetirem entre os coreanos quando encontram com um estrangeiro:

Estrangeiros asiáticos: Chineses e japoneses, por exemplo, conseguem passar despercebidos no meio da multidão e não chamam tanto a atenção. Mas exatamente a semelhança pode criar situações constrangedoras, principalmente se a pessoa não souber coreano ou desconhecer certos fatores culturais. Eu, por exemplo, saía muito com colegas chineses e, embora meu nível do idioma fosse melhor que o deles e eu que tivesse feito alguma pergunta, os atendentes de lojas e restaurantes cismavam em falar olhando diretamente para os chineses que estavam comigo. Aí, meus amigos não entendiam e eu que respondia, mas os coreanos continuavam me ignorando e só olhando para os outros de olhinhos puxados. Uma questão de identificação.

Atendentes de rede de fast food: Muita gente me dizia que não dá para se virar com inglês na Coreia. Ótimo! Eu queria mesmo praticar coreano. Chegava à lanchonete, pedia meu lanche usando todo o vocabulário de coreano que tinha aprendido e, então, o atendente retrucava com alguma pergunta em inglês.  Eu insistia no coreano e a pessoa continuava no inglês. Eu dizia que sabia coreano e parecia que tinha falado grego, literalmente. E isso foi mais comum do que eu imaginava. Aconteceu diversas vezes comigo. Enquanto você quer aprender o idioma deles, eles querem aproveitar para praticar inglês também.

Ajhumas: Consideradas o melhor que a Coreia tem a oferecer, as ajhumas (senhoras de meia idade com personalidade forte) são as que reagem à presença de estrangeiros da forma mais interessante. Se você foi à Coreia e nunca apanhou de uma, sorte a sua. Algumas dão tapas nas costas tão dolorosos que até deixam marcas. Mas não é que sejam pessoas ruins. Elas são ótimas. Eu experimentei a força dessas mulheres duas vezes. Uma ficou muito feliz com a minha presença, começou a rir sem parar e a dar tapinhas em mim. No dia seguinte, enquanto contava para uma amiga alemã o que aconteceu, a gente se deparou com outra  situação bem parecida.

Ajhuma que pediu para tirar foto comigo no Baekje Cultural Festival
Muitas adoram a presença de estrangeiros e acham super diferente. Por isso, ficam meio eufóricas e começam a falar alto contigo, riem apontando pra você (não para zombar, mas por achar interessante), te cumprimentam milhares de vezes. Eu ia muito com minha sogra ao SPA. As amigas dela sempre ficavam curiosas e vinham falar com ela alguma coisa sobre mim. E sempre ficavam impressionadas quando eu respondia algo em coreano. Coreanos, em geral, têm muito orgulho do idioma deles.

Evangélicos: Há muitas Testemunhas de Jeová e outras denominações de igrejas protestantes na Coreia. E eles adoram converter estrangeiros. Eu sempre fui um ímã para missionários diversos. Na primeira vez, achei a menina tão simpática. Ela disse que queria praticar inglês, foi conversando, pediu meu telefone. Quando vi, já estava quase indo ao culto, embora tivesse dito a ela repetidamente que eu era católica. E fui abordada dezenas de vezes, mas, depois de um tempo, já percebia as intenções do grupo e me esquivava. Eu confesso, no entanto, que sempre peguei os lenços umedecidos e balinhas que eles dão de brindes.

Interessados em praticar inglês: Conforme mencionado, vários coreanos abordam estrangeiros para praticar inglês, desde criancinhas até idosos. Uma menina de uns 7 anos, uma vez, me parou porque ela frequentava uma creche internacional e sabia inglês. Esse idioma, dizem eles, é tão difícil que eles precisam aproveitar cada oportunidade para fazer uso dele. Foram vários os casos de pessoas que começaram a falar comigo do nada, em inglês sempre, querendo puxar assunto, saber de onde eu sou. Teve um rapaz, certa vez, dentro de um ônibus, que gritou, apontando pra mim, em inglês, perguntando de onde eu era. Quando disse Brasil, ele ficou todo empolgado, dizendo que sabia espanhol (?) e que queria muito conhecer meu país.

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Enfim, as reações dos coreanos a estrangeiros são quase sempre positivas e em tom de surpresa e curiosidade. Não posso falar nada, porque até eu mesmo, no Brasil, quando percebo que tem algum grupo falando outro idioma, já fico super curiosa para saber de onde são. Inclusive, em alguns momentos, converso mesmo com eles e puxo assunto. Com os coreanos, é a mesma coisa. O problema é só que, depois de um tempo morando no país, a gente não acha mais tão bonitinho ser abordado várias vezes. Mas é algo inevitável e vai continuar acontecendo sempre.